Indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Phillips desapareceram no último domingo, 5, no caminho entre a comunidade de São Rafael eo município de Atalaia do Norte, no Vale do Javari
Foto: Daniel Marenco/O Globo e Reprodução Twitter/domphillips
Por Suelen Gonçalves, Vinícius Valfré, Gustavo Queiroz e Alisson Castro
Do Estadão
Superintendente no AM afirma que ‘Pelado’ orientou busca e contou que Bruno Pereira e Dom Phillips foram mortos a tiros; corpos foram localizados em área de mata do rio Itaquaí
Após dez dias de buscas, o superintendente da Polícia Federal no Amazonas, delegado Eduardo Alexandre Fontes, afirmou nesta quarta-feira, 15, que o pescador Amarildo Oliveira, conhecido como “Pelado”, confessou que o indigenista Bruno Pereira, de 41 anos, servidor licenciado da Fundação Nacional do Índio (Funai), e o jornalista britânico Dom Phillips, de 57, colaborador do jornal The Guardian, foram assassinados. Eles desapareceram no dia 5 deste mês no Vale do Javari, extremo oeste do Amazonas. Segundo o relato, foram mortos no mesmo dia.
Superintende regional da PF, Fontes disse que, conforme Pelado, Pereira e Phillips foram assassinados com arma de fogo. Uma das hipóteses sob investigação é que os corpos tenham sido carbonizados antes de serem enterrados no local apontado pelos supeitos. A polícia ainda aguarda a perícia para confirmar as identidades e definir a causa da morte. Os corpos encontrados na área de busca foram levados ontem à noite para Atalaia do Norte.
“Ontem (terça-feira, 14) à noite nós conseguimos que o primeiro preso neste caso, conhecido por Pelado, voluntariamente confessasse a prática criminosa. Durante a confissão, ele narrou com detalhes o crime realizado e apontou o local onde havia enterrado os corpos”, afirmou Fontes, durante entrevista coletiva em Manaus. “Foi um embate, a principio ele (Pelado) alega que foi com arma de fogo, mas temos que aguardar a perícia porque ela que vai dizer, identificar qual foi a causa da morte, as circunstâncias e a motivação.”
Buscas
Segundo o superintendente, a PF levou Pelado e Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como “Do Santos” e irmão de Pelado, também suspeito de envolvimento no crime, para a área de buscas no Rio Itaquaí, em Atalaia do Norte (AM). Dos Santos teve a prisão temporária, assim como Pelado, de 30 dias decretada nesta quarta-feira, 15. Os dois pescadores admitiram que Bruno e Dom foram abordados e mortos no trajeto de barco entre a cidade e a Comunidade São Rafael. Ainda estão sendo feitas escavações no local, que fica a 3,1 km do rio. Também foi encontrado o barco usado por Pereira e Phillips, que foi afundado no local com sacos de areia. O segundo suspeito, Oseney Oliveira, negou ter participado do crime.
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Policiais Federais chegam ao porto de Atalaia do Norte com os corpos encontrados pela investigação após confissão de um dos suspeitos de envolvimento no caso
Foto: Wilton Junior/Estadão
“Nós não descartamos a hipótese de outras pessoas estarem envolvidas. Temos muito o que fazer no inquérito para coletar seguramente provas de autoria e materialidade”, afirmou o delegado da Polícia Civil, Guilherme Torres. “Temos o depoimento, a confissão do preso, levando até uma área distante, onde os corpos seriam encontrados, onde foram enterrados. A equipe caminhou 25 minutos para chegar até ali, desenterrou, então tudo nos leva a crer. Agora, tecnicamente, preciso de reconhecimento de parentes, de um exame de DNA para poder dizer e para ter a conclusão do inquérito”, disse.
Os novos materiais descobertos e vestígios humanos coletados próximos ao local na sexta-feira, 10, estão sendo periciados. A análise é feita a partir de materiais genéticos fornecidos pelas famílias de Pereira e Phillips. Uma mochila com pertences do jornalista também foi identificada na mesma área.
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