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quinta-feira, 17 de novembro de 2022

Eleições nos EUA: Republicanos confirmam maioria na Câmara em desafio para governo Biden

 Por Redação

Estadão

Controle republicano da Câmara promete dificultar a agenda democrata além de abrir investigações contra o presidente, mas maioria apertada deve reduzir poder do partido

WASHINGTON - O Partido Republicano confirmou as previsões de obter a maioria dos assentos da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos ao ganhar o último assento nesta quarta-feira, 16. A nova formação da casa promete dificultar a agenda dos próximos dois anos de governo do democrata Joe Biden, além de abrir margens para investigações contra o presidente e sua família. O partido obteve as 218 cadeiras necessárias para ter a maioria dos 435 assentos, enquanto os democratas detêm 210 até o momento.

A maioria foi confirmada com a vitória do deputado Mike Garcia na Califórnia. O resultado vem quase uma semana desde o fim das eleições de meio de mandato cujas urnas foram fechadas em 8 de novembro e já havia sido adiantado pelas pesquisas de intenção de votos. No entanto, a vitória republicana foi muito menor do que a prevista, não concretizando a “onda vermelha” que ambos os partidos esperavamO Partido Democrata conseguiu manter a maioria no Senado e um segundo turno na Geórgia, no dia 6, pode dar à legenda uma cadeira adicional.

O tamanho da bancada ainda não está claro devido aos votos em contagem de sete disputas, uma semana depois das eleições de meio de mandato, mas deve ser a menor desde 2001, quando tinham 9 cadeiras a mais.

Ainda assim, uma maioria republicana na câmara baixa promete ser uma barreira para muitas promessas democratas e será de difícil articulação para Biden. O presidente, que está na Indonésia para a cúpula do G-20, parabenizou a oposição republicana pela conquista. “Os americanos querem que façamos as coisas por eles”, disse Biden após a mídia americana projetar a vitória republicana. “Trabalharei com quem quer que seja - republicanos ou democratas - que esteja disposto a trabalhar comigo para alcançarmos resultados aos americanos”, disse o presidente, em um comunicado.

O líder da minoria na Câmara, Kevin McCarthy, fala com repórteres depois que a Conferência Republicana da Câmara votou nele para ser seu candidato a presidente da Câmara Foto: Chip Somodevilla/Getty Images/AFP

Os republicanos conseguiram 217 assentos já durante o fim de semana, tornando uma virada democrata muito improvável. Desde então, havia nove disputas apertadas, com os democratas à frente na contagem de votos em cinco e os republicanos em quatro. Muitos dos assentos ainda disputados estão na Califórnia, o Estado mais populoso do país e um reduto democrata. Colorado, Maine e Alasca também continuavam em disputa.

Os líderes republicanos preveem uma contagem final de 220 a 223 assentos, um aumento em relação aos 211 que detinham em janeiro de 2021, mas significativamente abaixo das estimativas de que conquistariam mais de duas dúzias, de acordo com vários estrategistas de campanha do Partido Republicano na Câmara.

Com este cenário, os republicanos terão uma maioria estreita, provavelmente a mais apertada do século 21. O cenário rivaliza com 2001, quando tinham apenas uma maioria de 9 assentos, 221-212, contando com o voto de dois independentes.

A história mostra que o partido do presidente tende a sofrer perdas significativas nas eleições de meio de mandato. Mas os democratas conseguiram evitar a grande derrota este ano, vencendo em muitas disputas acirradas e às vezes se beneficiando de indicados extremistas do Partido Republicano.

A vitória apertada frente a um governo Biden impopular e inflação alta faz agora os republicanos de ambas as casas procurarem culpados e se questionarem sobre quem deve liderar o partido. Alguns culparam Donald Trump pelo resultado. O ex-presidente, que anunciou uma terceira candidatura à Casa Branca, impulsionou candidatos durante as primárias deste ano que lutaram para vencer durante a eleição geral.

O futuro de Biden

Embora a contenção da “onda vermelha” seja uma boa notícia para o governo Biden, perder a maioria na Câmara promete complicar os seus próximos dois anos de mandato. Os republicanos assumirão o controle dos comitês da Câmara, dando-lhes a capacidade de moldar a legislação e lançar investigações sobre Biden, sua família e seu governo.

Além de votar legislações mais conservadora que se chocarão com agendas democratas, republicanos querem investigar a atuação do presidente no combate à pandemia e sua política migratória. Há um interesse particular em investigar os negócios no exterior do filho do presidente, Hunter Biden. Alguns dos legisladores mais conservadores levantaram a possibilidade de impeachment de Biden, embora isso seja muito mais difícil com uma maioria apertada, mas terão o poder de impedir membros de seu gabinete.

Os candidatos republicanos prometeram durante a campanha reduzir impostos e aumentar a segurança nas fronteiras. Os legisladores do Partido Republicano também podem reter a ajuda à Ucrânia enquanto o país trava uma guerra com a Rússia ou usar a ameaça de inadimplência da dívida do país como alavanca para extrair cortes de gastos sociais e direitos - embora todas essas atividades sejam mais difíceis, considerando o quão pequena a maioria do Partido Republicano pode ser.

O presidente dos EUA, Joe Biden, fala sobre a situação na Polônia após uma reunião com o G7 em 16 de novembro Foto: Saul Loeb/AFP

Como senador e depois vice-presidente, Biden passou uma carreira elaborando compromissos legislativos com os republicanos. Mas como presidente, ele foi claro sobre o que via como ameaças representadas pelo atual Partido Republicano.

Biden fez um aceno ao partido ao dizer que as eleições mostraram que os eleitores querem que democratas e republicanos encontrem maneiras de cooperar e governar de maneira bipartidária, mas também observou que os republicanos não alcançaram o aumento eleitoral em que esperavam e prometeu: “Não vou mudar qualquer coisa de qualquer maneira fundamental”.

Desafios para os republicanos

Mas a maioria republicana promete ser um desafio para os próprios republicanos, já que muitos radicais que questionam os resultados das eleições de 2020 foram eleitos e prometem polarizar as discussões. Além disso, qualquer legislação que surja na Câmara pode enfrentar grandes dificuldades no Senado, onde a estreita maioria democrata costuma ser suficiente para inviabilizar a legislação defendida pelo Partido Republicano.

Com uma maioria tão pequena na Câmara, será difícil haver consensos. A dinâmica dá a um membro individual uma enorme influência sobre como moldar o que acontece na Câmara. Isso pode levar a circunstâncias particularmente complicadas para os líderes do Partido Republicano, enquanto tentam obter apoio para medidas obrigatórias que mantêm o governo financiado ou aumentam o teto da dívida.

Se eleito para suceder a presidente da Câmara, Nancy Pelosi, no posto mais alto, Kevin McCarthy lideraria o que provavelmente será uma conturbada reunião de republicanos da Câmara, a maioria dos quais está alinhada com a marca política de Trump. Muitos republicanos no novo Congresso rejeitaram os resultados de 2020, embora as alegações de fraude generalizada tenham sido refutadas por tribunais, autoridades eleitorais e pelo próprio procurador-geral de Trump.

Na primeira eleição nacional desde a insurreição de 6 de janeiro, um republicano que estava fora do Capitólio no dia do ataque da multidão, Derrick Van Orden, ganhou uma cadeira há muito ocupada pelos democratas em Wisconsin.

Los Angeles elege primeira mulher prefeita

Além dos resultados na Câmara, a deputada democrata Karen Bass foi eleita a primeira prefeita mulher de Los Angeles nesta quarta-feira, 16. Karen, que também é negra, assume o comando da segunda maior cidade do país com o desafio de lidar com problemas históricos, como falta de moradia e corrupção, e casos de racismo.

A disputa foi contra o bilionário Rick Caruso e esteve incerta até os últimos dias, apesar de Karen ter permanecido a frente durante todo o tempo. Depois de uma semana de contagem de votos, a Associated Press a projetou como vencedora.

Em Los Angeles, uma cidade liberal que não elege um prefeito republicano há mais de duas décadas, Bass se apresentou como a escolha progressista e contou com o apoio de nomes relevantes do Partido Democrata, como o ex-presidente Barack Obama, o presidente Biden e a vice-presidente Harris. /AP, NYT e W.POST

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